segunda-feira, 20 de julho de 2009

Ferias Rio - Ulitmo capitulo

Bem, as ferias no rio estao acabando e gracas a Deus vou voltar para o aconchego da minha casinha. Volto com o coracao nao mao, pois sei que estou deixando minha mae no Rio sozinha com um problemao... Meu avo continua internado, continua resistente as drogas, continua esperando para ser bem atendido. Enquanto isso, minha avo fica em casa, chorando, as vezes se lembra, as vezes se esquece. Pela primeira vez ontem, minha mae chorou comigo no telefone, sinal de que estava realmente exausta. Ela e muito forte, e pau para toda obra, e a primeira a se levantar quando alguem precisa de ajuda. La ela pode contar com alugmas pessoas, a prima Vania, minha tia Zuzu (83) e minha tia Mery (80). Dos meus primos a unica que ajuda e a Carla, porque os outros dois nem aparecem para ver se estao precisando de alguma coisa. Meu tio Cesar, irao da minha mae, e um zero a esquerda... nao ajuda em nada... Sorte dos meus avos que minha mae esta disponivel e tem saude para aguentar o rojao. O problema e que as vezes ate os mais fortes fraquejam. Para ela esta sendo dificil ver meu avo ali, naquela cama, suplicando para ir embora dali.
Tem um texto que recebi uma vez que diz:

NOSSOS VELHOS

Martha Medeiros

Pais heróis e mães heroínas do lar.
Passamos boa parte da nossa existência
cultivando estes estereótipos.
Até que um dia o pai herói começa a passar
o tempo todo sentado, resmunga baixinho
e puxa uns assuntos sem pé nem cabeça.
A heroína do lar começa a ter dificuldade de concluir as frases e dá de implicar com a empregada.
O que papai e mamãe fizeram para caducar de uma
hora para outra?
Fizeram 80 anos.
Nossos pais envelhecem.
Ninguém havia nos preparado pra isso.
Um belo dia eles perdem o garbo, ficam mais vulneráveis
e adquirem umas manias bobas.
Estão cansados de cuidar dos outros e de servir de exemplo: agora chegou a vez deles serem cuidados e mimados por nós, nem que pra isso recorram a uma chantagenzinha emocional.
Têm muita quilometragem rodada e sabem tudo, e o que não sabem eles inventam.
Não fazem mais planos a longo prazo, agora dedicam-se
a pequenas aventuras, como comer escondido tudo
o que o médico proibiu.
Estão com manchas na pele.
Ficam tristes de repente.
Mas não estão caducos: caducos ficam os filhos,
que relutam em aceitar o ciclo da vida.
É complicado aceitar que nossos heróis e heroínas
já não estão no controle da situação.
Estão frágeis e um pouco esquecidos, têm este direito, mas seguimos exigindo deles a energia de uma usina.
Não admitimos suas fraquezas, seu desânimo.
Ficamos irritados se eles se atrapalham com o celular e ainda temos a cara-de-pau de corrigi-los quando usam expressões em desuso:
Calça de brim?
Frege?
Auto de praça?
Em vez de aceitarmos com serenidade o fato de que as pessoas adotam um ritmo mais lento com o passar dos anos, simplesmente ficamos irritados por eles terem traído nossa confiança, a confiança de que seriam indestrutíveis como os super-heróis.
Provocamos discussões inúteis e os enervamos com nossa insistência para que tudo siga como sempre foi.
Essa nossa intolerância só pode ser medo.
Medo de perdê-los, e medo de perdermos a nós mesmos, medo de também deixarmos de ser lúcidos e joviais.
É uma enrascada essa tal de passagem do tempo.
Nos ensinam a tirar proveito de cada etapa da vida, mas é difícil aceitar as etapas dos outros, ainda mais quando os outros são papai e mamãe, nossos alicerces, aqueles para quem sempre podíamos voltar, e que agora estão dando sinais de que um dia irão partir sem nós.


Como tudo nessa vida e aprendizado, vou tentar tirar proveito dessa situacao e aprender um pouco mais sobre a velhice. Afinal, chegar bem ou mal aos nossos 80 anos e uma grande loteria. Podemos nos preparar, preparar a mente e o corpo, mas as doencas estao por ai, soltas. Nossos celebros estao vulneraveis e podem de uma hora para outra ficarem ocos, sem massa, sem pensamentos. Chegar aos 80 com saude plena e uma dadiva e uma bencao de Deus, e com certeza ganhar na grande loteria da vida. Neste aspecto sou muito otimista, vou fazer de tudo para ficar velha e lucida. Quero acompanhar a vida de meus filhos, netos e quem sabe, bisnetos. Com essa confusao toda que meus avos estao passando, so espero ter a forca e a coragem de minha mae quando for minha vez de cuidar dos meus pais. Bjs

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